Consegui... E agora?

Entrei na universidade no curso em que queria! Esta é uma frase que em algum momento do nosso percurso desejamos gritar bem alto. Na verdade, afirmar isto é resumir um longo processo de ansiedade relativamente aos resultados das colocações, à escolha do curso ou até mesmo da faculdade. No entanto, também engloba todo o esforço e trabalho de uma jornada de três anos preenchida de testes e dos temidos exames nacionais (Mas também preenchida de amizades e risadas, claro!).  Com esta etapa, chega a tão esperada independência que muitas vezes sonhamos, mas que, quando chega, é imediatamente temida... 
Chegou a minha vez de berrar bem alto que tinha entrado. Confesso, que, em simultâneo, me senti aliviada, porque pensava que todas as decisões tinham acabado, mas também senti toda a maré dos "será que sou capaz ?" a invadir-me. O que eu não sabia é que novas decisões se avizinhavam... A decisão da candidatura da segunda fase, percorrendo vários túneis que pareciam nunca ter saída, acabei por decidir concorrer. Desta vez, berrei mais baixinho que não tinha conseguido mudar de universidade... De facto, custou-me bastante ler o email que com as letras todas dizia não colocada. Qual é o problema? Afinal, estou no tão temido e rotulado curso de medicina, o curso que eu escolhi e que quero. Perante isto, não importa o resultado da segunda fase, o que é relevante, de facto, é que estou na universidade no curso que quero. Passaram-se já duas semanas e já tive de enfrentar o grande e assustador cadeirão de anatomia. Ora, chego à primeira aula e em cinquenta termos (pareceram-me dez mil ) ditos pelo professor apenas percebo dez ou quinze. Não parecia biologia, parecia mais um idioma de extraterrestres daqueles que vivem bem longe da Terra. Obviamente, comecei logo a trepar paredes e a questionar o caminho por mim escolhido. Foi um choque tremendo, mas com calma já começa a parecer chinês em vez de linguagem de extraterrestres. Inevitavelmente, em qualquer que seja o curso, haverá uma altura ou mais que uma em que nos sentimos as pessoas mais burras à face da Terra. A mim, já me aconteceu... Por isso, é muito importante falar com veteranos que nos ensinam truques de estudo estudo e até partilham o material deles connosco. Não se esqueçam que eles já passaram por lá e que nos entendem melhor do que qualquer pessoa.
Sim, especialmente, em medicina haverá muitos termos que não vamos perceber, muitos momentos em que vamos bloquear ou chorar, alturas em que só vamos querer desistir... Mas também haverá sempre um sonho pelo qual temos de lutar e nunca nos podemos esquecer dele. Não seremos os primeiros nem os últimos a chumbar cadeiras ou a tremer com o bisturi na mão. A regra de ouro tem apenas três passos para termos sucesso. A máxima é "inspira, expira e não pifa".  

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